Faltou muito pouco para uma vítima fatal. Em suma, o gado do mito partiu para o terrorismo em Brasília. Assim, na noite da última segunda-feira, 12/12, o centro da capital federal virou uma praça de guerra. Vestidos com camisa da seleção, tentaram invadir a sede da Polícia Federal. Apedrejaram uma Delegacia da Polícia Civil, na Asa Norte. Os “patriotas” incendiaram cinco ônibus e oitos carros. Tentaram jogar outro ônibus de cima de um viaduto. Além disso, depredaram vários equipamentos públicos e privados. Em síntese, foi o desespero da extrema-direita diante da vitória das urnas e da Democracia, justo no dia da diplomação pelo TSE do presidente e do vice eleitos. Mas o Capitólio de Brasília foi obra de profissionais do crime
Obra de profissionais do crime
A princípio, tamanha sandice seria a reação do grupo de bolsonaristas acampados em frente do QG do Exército à prisão de uma “liderança” indígena xavante chamado José Acácio Tsererê, apoiador de Bolsonaro. A prisão foi feita pela Polícia Federal, a pedido da Procuradoria Geral da República. Tsererê também é pastor evangélico e o povo Xavante não o reconhece. Assim como já foi indiciado e preso por tráfico de drogas. Agora, ele está sendo acusado de arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante ameaças de agressão e perseguição a Lula e dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Mas o silêncio de Bolsonaro continuou. Não disse uma palavra. A sua entourage tentou, a todo custo, desvencilhar o Capitólio de Brasília dos desesperados do QG do Exército. Ciro Nogueira, da Casa Civil, por exemplo, disse que foi obra de “black blocs”. Mourão, o vice-presidente, chegou a dizer que a revolta dos bolsonaristas é legítima. O Ministro da Justiça, Anderson Torres, deu de ombros. Do mesmo modo, outros chegaram a dizer que os terroristas eram gente da esquerda, a serviço do PT, infiltrada entre os “patriotas”. Essa turma mostra a sua cara cada dia mais. Mas o Capitólio de Brasília foi obra de profissionais. Do crime de não reconhecer o resultado legítimo e legal das eleições.
“Família militar”, tutti buona gente!
Até a manhã de quinta-feira, ninguém havia sido preso. Por que a PM do Distrito Federal não prendeu ninguém? Porque não era para prender, ora. Porque muitos são militares da ativa e da reserva ou parentes dos que chamam de “família militar”. O Secretário de Segurança do governador Ibaneis está fazendo juras de que os fatos estão sendo apurados e os responsáveis serão punidos. Na verdade, foram o futuro Ministro da Justiça, Flávio Dino, e o futuro Diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, que coordenaram a reação imediata aos terroristas. Enfim, o governo Bolsonaro já acabou faz tempo.
Por outro lado, os bolsonaristas foram avisados, antes da meia-noite do domingo, que os portões estavam abertos para quem quisesse acampar nos jardins do Palácio da Alvorada e centenas deles rumaram para lá. Foram bem tratados ao longo da segunda-feira. Não lhes faltou comida, que foi providenciada por Michelle Bolsonaro. No fim da tarde, em rápida aparição, Bolsonaro saudou-os em silêncio. Enquanto eles voltavam para a porta do QG do Exército, Bolsonaro recepcionou o blogueiro Oswaldo Eustáquio, que, com medo de ser preso pela PF, se refugiou dentro do palácio. Não sabemos se ainda está lá.
“Prisões e multas ainda virão a rodo!”
O processo de desbolsonarização das polícias, já ordenado pelo presidente eleito, será um dos maiores desafios do futuro governo. O exemplo da Polícia Rodoviária Federal ficou patente no dia do 2º turno. Seu diretor Silvinei Vasques já está sendo investigado por tentar impedir o acesso de eleitores às urnas. Por outro lado, na quarta-feira, Alexandre de Moraes deu 48 horas ao Ministério da Justiça e ao governo do DF para explicar as medidas tomadas contra os terroristas bolsonaristas em Brasília. O ministro afirmou que os atos perpetrados tiveram o intuito de “abolir o Estado democrático de Direito, pleiteando um golpe militar e o retorno da Ditadura”. Na quinta-feira, outros “patriotas” foram presos e mais de 100 mandatos de busca e apreensão foram cumpridos em vários estados e no DF. Afinal, o cerco está se fechando! “Prisões e multas ainda virão a rodo!”
O jornal TRIBUNA também publicou este artigo na sua edição do dia 17/12/2022.
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