Pouco mais de 20 dias para encerrarmos a quadra mais triste e vergonhosa da história política do Brasil. Antes de tudo, a partir de 1º de janeiro, renovam-se as esperanças de um país sem ódio e mentiras. Sem ameaças à democracia, sem sobressaltos diários à harmonia entre as instituições. Em primeiro lugar, a vitória de Lula para presidente abre uma imensa expectativa de novos ares no conturbado período golpista que se iniciou lá nas “marchas de 2013” e que teve como destino final e desastroso a eleição de Bolsonaro em 2018. O cenário é devastador, mas renovam-se as esperanças!
Situação mais grave do que se supunha
Os anos recentes foram difíceis, principalmente para a classe trabalhadora. Afinal, nunca a expressão “herança maldita” foi tão atual. O gabinete de transição tem revelado um Brasil destroçado. Como nos lembra o articulista Jeferson Miola, “começa vir à tona a realidade sobre o descalabro das finanças nacionais, a devastação da institucionalidade governamental e o desmonte avançado de instrumentos fundamentais de gestão de políticas públicas”. Sim, um desmonte milimetricamente calculado e executado pelas figuras mais hediondas que nós nem sabíamos que existiam.
As informações e dados acessados pelas equipes do gabinete de transição mostram que, em várias áreas, a situação é muito mais grave do que se supunha. O gabinete de transição recebeu do TCU documentos com diagnósticos sobre o governo federal. Estes trabalhos estão disponíveis no site do gabinete de transição. O TCU apontou “29 áreas que representam um alto risco para a Administração Pública federal devido à vulnerabilidade à fraude, desperdício, abuso de autoridade, má gestão ou necessidade de mudanças profundas para que os objetivos das políticas públicas sejam cumpridos”.
País arruinado e destroçado
O processo de transição tem revelado aspectos escondidos pela política de sigilo e falta de transparência do governo federal. Além de casos de negligência e incompetência, há também várias denúncias de improbidade, corrupção e ilicitudes. A partir de 1º de janeiro, com a quebra daqueles sigilos decretados ilegalmente, os órgãos de fiscalização e controle terão condições de apurar e identificar os responsáveis. Então, o que temos hoje é um país arruinado e destroçado, que precisará ser inteiramente reconstruído, num esforço de muitos anos. Mas essa sempre foi uma tragédia anunciada.
Nesse meio tempo, um país que saíra do mapa da fome será entregue com mais de 30 milhões de brasileiras e brasileiros na mais extrema miséria. “Praticou-se um verdadeiro genocídio no período da pandemia, cuja mortandade só não foi maior devido à ação dos profissionais do SUS, de prefeitos e governadores que se insurgiram contra o negacionismo bolsonarista. A política de disseminação de armas é responsável diretamente por esta espiral de violência sem paralelo na história do país”, como bem escreveu Alberto Cantalice no 247. O cenário é devastador, mas renovam-se as esperanças!
Agora, respira-se um ar mais salutar
Além disso, para coroar este show de horrores, surgiram agora os “patriotas” nas portas dos quartéis pedindo um criminoso e ilegal golpe militar, ao arrepio da Constituição. O gado está inconformado com a derrota eleitoral do seu mito em um processo legítimo reconhecido, atestado e aprovado nos quatro cantos do mundo. Precisamos nos manter vigilantes e mobilizados em defesa do restabelecimento da Democracia e do cumprimento do programa apresentado e aprovado pela maioria dos eleitores.
Enfim, a sociedade civil voltou à política. A caserna bate em retirada. Respira-se um ar mais salutar. Como também escreveu Cantalice, “só o cultivo das práticas democráticas e a luta pela inclusão e incorporação do conjunto do povo brasileiro e, em especial, dos mais vulneráveis na sociedade civil, é que conseguiremos elevar o Brasil à condição de ‘player’ mundial e de campeão da solidariedade”. O ano novo que se aproxima tem, dessa vez, um plus para ser festejado. Portanto que venha o governo Lula e com ele a renovação de um Brasil mais solidário, mais fraterno e mais amoroso!
O jornal TRIBUNA também publicou este artigo na sua edição do dia 10/12/2022
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