Em meio ao isolamento a que se submeteu depois da derrota, o futuro presidiário tenta negociar a sua sobrevivência. A princípio, ele não deixa de pensar na possibilidade de um golpe, alimentado pelas mobilizações de seus apoiadores de raiz, em frente aos quartéis e outros prédios militares. Bizarrice. Para os próximos dias, ele se mantém como quadro do Partido Liberal e negocia para ser um consultor da agremiação. Vai receber uma grana e outras regalias para isso. Waldemar Costa Neto já lhe garantiu que será o líder da oposição ao governo Lula. Será? Mas uma coisa é certa: o futuro presidiário está mais perto da prisão.
Sem foro privilegiado, o bicho pega!
A partir de 1 de janeiro, ele não terá mais o foro privilegiado. Ivan Fernandes, cientista político e professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC nos explica: “É provável que Bolsonaro acabe isolado, do ponto de vista político. Pois as outras lideranças de direita podem se aproximar de Lula ou podem tentar a presidência em 2026. Aí, teremos outra grande questão, que é o que acontece do ponto de vista jurídico com Jair Bolsonaro. Todos os equívocos cometidos ao longo de seu governo, cometidos principalmente durante a pandemia, protegidos por sigilos que Lula deve derrubar”.
Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou que o partido fará de tudo para buscar a prisão de Bolsonaro, pelos atos ilegais que cometeu durante o mandato: “Lutaremos para que ele e seus aliados paguem por seus crimes”. E são muitos. Aqui o bicho pega. Ainda mais com os casos Carla Zambelli de arma em punho, Roberto Jefferson recebendo policiais a tiros e granadas, agentes da Polícia Rodoviária Federal impedindo eleitores de irem votar, caminhoneiros e grupos golpistas trancando rodovias e pedindo intervenção federal em quartéis. Todos esses episódios ainda não receberam o devido tratamento da Justiça. Mas vão receber.
Já cogitam até em asilo político
Bolsonaro ficará ao alcance de procuradores e juízes da primeira instância a partir de 01 de janeiro. No Planalto, ele fez de tudo para evitar o impeachment e fugir da polícia. Assim ele comprou a cumplicidade do presidente da Câmara com os bilhões do orçamento secreto. Nomeou um procurador-geral omisso e subserviente. Sem a proteção de Arthur Lira e Augusto Aras, ele terá que responder por seus crimes. Motivos não faltarão para processá-lo e julgá-lo. Aliás, sabemos que ele já contratou bons advogados para defendê-lo. Além disso, ele e seus filhos já solicitaram cidadania italiana e, como tudo indica, já iniciaram negociações para garantir asilo junto a ditaduras árabes, se for necessário. Mas uma coisa é certa: o futuro presidiário está mais perto da prisão.
Ele será ainda responsabilizado por crimes contra o Estado Democrático de Direito e, aqui, ele é o chefe da quadrilha. Aliás, foi ele mesmo quem sancionou, no ano passado, a norma que substituiu a velha Lei de Segurança Nacional e, agora, ele pode ser o primeiro a ser enquadrado no texto por suas pregações golpistas contra as instituições e o sistema eleitoral. Lula faz muito bem de não querer revanchismo. Já vai encontrar muitas dificuldades para governar. O problema do futuro presidiário é com os tribunais. No entanto, uma das promessas mais repetidas de Lula, a revogação dos sigilos de cem anos, deverá expor Bolsonaro ainda mais, com problemas na Justiça.
Acabou! Que arranjem mesmo bons advogados!
Como bem nos lembrou Celeste Silveira, “Bolsonaro distorceu a Lei de Acesso à Informação para esconder sua participação em escândalos. Num dos casos mais rumorosos, negou-se a informar quantas vezes os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos o visitaram. A liberação desses registros ajudará a esclarecer sua ligação com o balcão de propinas no MEC”. Enfim, a remoção dos sigilos também vai fornecer detalhes sobre sua interferência em diversos órgãos para fins particulares. Polícia Federal, Receita e Abin sofreram um verdadeiro estupro para salvar a pele dele e dos seus familiares. Ainda esculhambou o Exército para impedir que o general Pazuello fosse punido por indisciplina.
Ainda vamos lidar durante algum tempo com este entulho nojento do mais nefasto governo da nossa história. Mas, agora, os ratos estão saltando do barco. Acabou! Que arranjem mesmo bons advogado!
O jornal TRIBUNA também publicou este artigo na sua edição do dia 12/11/2022.
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