Quando pensamos que já vimos de tudo, somos surpreendidos com mais essa. A mente degenerada do futuro presidiário associou as “menininhas, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas” à prostituição. Como escreveu Cristina Serra em artigo para a Folha de S. Paulo, no último dia 18, “onde já se viu menina pobre arrumar o cabelo e pintar o rosto se não for para se prostituir com machos velhos e babões como ele?” Antes de mais nada, a descrição que ele fez da cena tem as características de comportamento de assediador sexual que se aproveita da fragilidade da vítima. Nesse sentido, parou a moto, olhou para trás, tirou o capacete, “pintou um clima”, entrou na casa. “Pintou um clima” ou pintou um crime?
Sempre foi visível o desprezo pelos vulneráveis
Enfim, ele tratou um projeto social como casa de prostituição! Estava acompanhado de assessores, conversou com os moradores, chegou a abrir a geladeira, foi gravado pela TV oficial. Ainda assim, só não percebeu que se tratava de um projeto social. Ninguém o alertou? Então, nem quero falar do crime de pedofilia. Muitos já falaram. Quero falar de prevaricação. Se ele achou que estava diante de uma situação de exploração sexual de crianças e adolescentes, por que não tomou alguma providência para impedir o crime? O futuro presidiário não tem resposta porque sua mentalidade depravada não se escandaliza com a prostituição infantil. E é bom lembrar que prevaricação também é crime. Pintou um clima ou pintou um crime?
Seu desprezo aos vulneráveis surge de forma torpe neste caso das venezuelanas em São Sebastião, cidade satélite de Brasília. São mulheres e meninas refugiadas da fome e do desespero no país vizinho. Mesmo assim, participavam de uma ação social, com corte de cabelo e maquiagem, uma forma simples de afeto e resgate de autoestima. Mas o futuro presidiário só estava preocupado em associar as meninas ao governo da Venezuela, que ele critica por ser amigo do PT, segundo ele. O carinho e o amor são substituídos pela desinformação e pela manipulação política, sempre presentes nas narrativas do bolsonarismo.
Foi um crime confesso
“Bolsonaro não tem freio nem bússola moral e ética. Cercado de tipos pervertidos como Damares e o abusador Pedro Guimarães, seu governo é uma rede de predadores da infância e de mulheres. São ladrões de futuro. Ladrões de Brasil”, concluiu Cristina Serra em seu artigo. Fizeram tentativas de esclarecimento. Do mesmo modo, tentaram desmentir. Ainda assim, foi desmascarado por outras falas semelhantes. O TSE suspendeu qualquer veiculação com pedofilia na mídia. Para apagar o incêndio, Michele e Damares, a pervertida, foram conversar com as venezuelanas. Publicaram um vídeo pedindo desculpas. Desculpas esfarrapadas. Em outras palavras, o crime foi confessado. Essa gente é abjeta, é nojenta, é odiosa.
A deputada federal Maria do Rosário (PT- RS) e o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF), junto com movimentos de defesa dos direitos da criança e do adolescente, entraram com um pedido de apuração ao MPF, em Brasília, sobre possível prevaricação de Bolsonaro. A ação, além de pedir ao MPF que apure se o futuro presidiário cometeu crime de prevaricação, pede ainda que o órgão averigue se a segurança e o bem-estar das adolescentes venezuelanas, no caso citado por Bolsonaro, estão garantidos. Em síntese, este episódio expressa muito bem o mau caráter e a perversidade daquele que pretende se reeleger presidente da República.
Como milhões conseguem ser facilmente enganados?
Mas fica a pergunta: como milhões conseguem ser facilmente enganados? Segundo o Datafolha, 60% dos que se dizem evangélicos, por exemplo, pretendem reeleger o futuro presidiário. Toda essa perversidade não provoca nenhum impacto naqueles que dizem seguir o Evangelho de Jesus de Nazaré? Como pode? Gostaria que algum teólogo, algum pastor, com argumentos sérios, se levantasse, como profeta, pra justificar tamanha incoerência. A fé pode mover montanhas, mas precisa, minimamente, se ajustar à razão. É impossível vivermos sem o mínimo de racionalidade. Que se levante para, pelo menos, percebermos que alguma coisa o tocou!
Este artigo foi também publicado pelo jornal TRIBUNA na sua edição do dia 22/10/2022.
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